Não categorizado Prevenção

Estilo de vida saudável influencia na expectativa de vida?

Escrito por Humberto Graner

Esta publicação também está disponível em: Português

A expectativa média de vida no mundo aumentou substancialmente nas últimas décadas. O envelhecimento da população tem levado a uma alta prevalência de doenças crônicas, como diabetes, doenças cardiovasculares e câncer. Embora as pessoas vivam mais tempo, indivíduos mais velhos frequentemente convivem com incapacidades e doenças crônicas. Pessoas com doenças crônicas, incluindo câncer, doenças cardiovasculares e diabetes, têm uma expectativa de vida mais curta do que seus pares sem essas condições crônicas. Estimativas da perda de anos de vida devido a essas condições crônicas variam de 7,5 a 20 anos, dependendo dos métodos utilizados e das características da população estudada.

Fatores de estilo de vida modificáveis, incluindo tabagismo, atividade física, ingestão de álcool, peso corporal e qualidade da dieta, afetam tanto a expectativa de vida total quanto a incidência de doenças crônicas. Estudos mostraram que tabagismo, sedentarismo, má qualidade da dieta e consumo significativo de bebida alcoólica contribuem com até 60% das mortes prematuras e perda de 7,4 a 17,9 anos de expectativa de vida. No entanto, poucas pesquisas examinaram como uma combinação de múltiplos fatores de estilo de vida pode se relacionar com a expectativa de vida livre das principais doenças de diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.

Um estudo publicado no BMJ examinou o efeito dos fatores de estilo de vida saudáveis na expectativa de vida livre de câncer, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, usando dados de até 34 anos de acompanhamento no Estudo de Saúde das Enfermeiras (NHS) e 28 anos de acompanhamento no Estudo de Seguimento dos Profissionais de Saúde (HPFS).

Como foi feito o estudo?

Foi realizada uma análise prospectiva em duas coortes de estudos: Nurses’ Health Study e Health Professionals Follow-Up Study.

Foram considerados Fatores de Estilo de Vida de Baixo Risco (low risk factors): Não fumar, manter um índice de massa corporal (IMC) de 18,5-24,9, realizar atividade física moderada a vigorosa por pelo menos 30 minutos por dia, consumo moderado de álcool e uma dieta de alta qualidade.

Quais foram os principais resultados?

Mulheres que adotaram quatro ou cinco dos fatores de estilo de vida de baixo risco aos 50 anos tinham uma expectativa de vida livre dessas doenças crônicas de 34,4 anos, em comparação com 23,7 anos para aquelas que não adotaram nenhum fator de baixo risco.

Aos 50 anos, os homens com quatro ou cinco fatores de estilo de vida de baixo risco tinham uma expectativa de vida livre de doenças crônicas de 31,1 anos, comparado com 23,5 anos para aqueles sem nenhum fator de baixo risco.

A adesão a um estilo de vida de baixo risco foi associada a uma expectativa de vida mais longa sem doenças crônicas significativas, aproximadamente 7,6 anos para homens e 10 anos para mulheres, em comparação com participantes que não adotaram nenhum fator de estilo de vida de baixo risco.

 

Fig 1

 

Quais os impactos?

Adotar um estilo de vida saudável pode reduzir significativamente o fardo das doenças crônicas, potencialmente aliviando a pressão sobre os sistemas de saúde e aumentando a qualidade de vida dos indivíduos. Os resultados sugerem a necessidade de políticas de saúde pública que promovam estilos de vida saudáveis para prevenir doenças crônicas e melhorar a longevidade sem doenças.

Do ponto de vista prático, o encorajamento do abandono do tabagismo, manutenção de um peso saudável, prática regular de atividade física, consumo moderado de álcool e adesão a uma dieta nutritiva e equilibrada são essenciais para a prevenção de doenças. Os benefícios vão além da longevidade: um estilo de vida saudável também aumenta a qualidade desses anos adicionais, permitindo um envelhecimento mais saudável e ativo.

O estudo também reconhece as barreiras individuais e sociais para adotar e manter comportamentos saudáveis, sugerindo a necessidade de suporte continuado e intervenções personalizadas. A pesquisa reforça a importância de intervenções de estilo de vida na prevenção de múltiplas doenças crônicas, destacando o papel vital do comportamento individual e do apoio político no alcance de uma população mais saudável. Medidas de vida relativamente simples podem impactar significativamente não só a quantidade como a qualidade de vida.

 

Referência

Healthy lifestyle and life expectancy free of cancer, cardiovascular disease, and type 2 diabetes: prospective cohort study
BMJ 2020; 368 
 doi: https://doi.org/10.1136/bmj.l6669 (Published 08 January 2020)

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Sobre o autor

Humberto Graner

Co-Editor do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Medicina Intensiva
Professor das Faculdades de Medicina da UFG e UniEvangélica (Goiás)
Doutor em Ciências pelo InCor-HCFMUSP
Fellowship em Coronariopatias Agudas pelo InCor-HCFMUSP
Coordenador do Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein - Unidade Goiânia (GO)
Pesquisador da ARO (Academic Research Organization) - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo (SP)

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