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Insônia pode aumentar o risco de infarto?

Escrito por Humberto Graner

Esta publicação também está disponível em: Português

Tanto a insônia quanto dormir menos de cinco horas por noite aumentam o risco de infarto agudo do miocárdio, de acordo com os achados de uma revisão sistemática e metanálise apresentados no congresso do ACC 2023.

Este estudo, conduzido por pesquisadores de Alexandria, no Egito, avaliou os dados de 1.184.256 adultos (43% mulheres, idade média de 52 anos). Destes, 13% (153.881) apresentavam insônia, definida com base nos critérios diagnósticos do CID-10, ou pela presença de qualquer um destes três sintomas: dificuldade em adormecer, dificuldade em manter o sono ou acordar cedo, e não conseguir dormir voltar a dormir. Pessoas com apneia obstrutiva do sono não foram incluídas.

O resultado principal aponta para uma associação significativa entre insônia e a incidência de infarto agudo do miocárdio. O risco de infarto do miocárdio foi 1,62 vezes maior do que o observado entre os indivíduos controles, sem insônia. Essa associação se manteve mesmo após ajustes para idade, sexo, comorbidades e tabagismo, sendo consistente em todos os subgrupos (idade inferior ou superior a 65 anos, sexo, comorbidades comuns e duração do acompanhamento).

A duração do sono também influenciou significativamente. Dormir menos de cinco horas por noite aumentou o risco de infarto do miocárdio em:

  • 38% vs. seis horas por noite
  • 56% vs. oito horas por noite

Participantes com dificuldades para iniciar e manter o sono também apresentaram um risco 13% maior.

O sono não-restaurador e a sonolência diurna, no entanto, não foram associados a maior risco cardiovascular. Isto sugere que aqueles que não apresentam insônia, mas apenas se queixam de cansaço e fadiga ao acordarem, não apresentam maior chance de infarto agudo do miocárdio.

Com base em seus dados agrupados, os autores afirmam que a insônia deve ser reconhecida como um fator de risco “oficial” para o infarto do miocárdio. Durante a apresentação do estudo no Congresso do ACC 2023, a Dra. Dean afirma: “A insônia é o distúrbio do sono mais comum, e muitas vezes não é apenas uma doença, mas uma escolha de vida. Simplesmente não priorizamos o sono tanto quanto deveríamos”.

E você? O quanto tem dormido (bem) por noite?

Referência:

Yomna E. Dean, Mohamed A. Shebl, Samah S. Rouzan, et al. Association between insomnia and the incidence of myocardial infarction: A systematic review and meta‐analysis. Clinical Cardiology, 2023; DOI: 10.1002/clc.23984

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Sobre o autor

Humberto Graner

Co-Editor do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Medicina Intensiva
Professor das Faculdades de Medicina da UFG e UniEvangélica (Goiás)
Doutor em Ciências pelo InCor-HCFMUSP
Fellowship em Coronariopatias Agudas pelo InCor-HCFMUSP
Coordenador do Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein - Unidade Goiânia (GO)
Pesquisador da ARO (Academic Research Organization) - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo (SP)

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